IBGE: catolicismo cai 22,4% e vê nova ascensão de evangélicos
Herança
da colonização portuguesa, o catolicismo enfrenta o momento de maior
arrefecimento da história do Brasil. É o que constatou o levantamento
feito em todos os municípios do País no Censo 2010, do Instituto
Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE), que pesquisou em diversos
níveis os aspectos religiosos da população brasileira. Em pouco mais de
20 anos, o número de brasileiros que se declararam católicos caiu 22,4%.
Para se ter uma ideia, em 1940, o
mesmo IBGE constatava um percentual de 95% de católicos no Brasil. Em
1991, este número passou para 83%. Posteriormente, em 2000, na queda
mais acentuada, foi para 73,6%, até chegar, 10 anos depois, nos atuais
64,6% dos cerca de 190 milhões de brasileiros.
Mesmo mantendo sua
predominância, o catolicismo perde cada vez mais terreno para a religião
evangélica. A pesquisa do Censo constatou que 22,2% do País está
inserido nas crenças das igrejas de missão e pentecostais, dentre outras
que pregam o evangelismo. O salto de 6,8%, em relação ao levantamento
do ano 2000, se torna ainda maior se voltarmos ao ano de 1940, quando os
evangélicos entraram na pesquisa e apareciam apenas com 2,6%. Ou seja,
em pouco mais de 70 anos, cresceram 20,4%.
"Entre os católicos é comum ter
pessoas não praticantes, que se declaram católicos. E nas outras
religiões não, o que se declara é um participante mesmo. Essa é a grande
diferença. O evangélico, por exemplo, participa muito mais. É fiel aos
princípios da igreja", diz Cláudio Crespo, coordenador de população e
indicadores sociais do IBGE. "A tendência é essa, de redução da
população que se declarou católica, algo que vem sendo observado desde a
década de 90", completa.
Se o catolicismo ainda é
hegemônico, o Brasil, no entanto, convive cada vez mais com a
pluralidade religiosa. O Censo revelou que 2% dos entrevistados se
declararam espíritas (aumento de 0,7% em relação ao ano de 2000),
enquanto que umbanda e candomblé respondem por 0,3% (sem alteração).
Outras religiosidades, como o islamismo, por exemplo, estão presentes em
2,7% (acréscimo de 0,9%) da população, enquanto que 8% dos brasileiros
não têm religião. Apenas 0,1% não souberam responder, ou não quiseram
prestar a informação.
"Neste contexto, o (Estado do)
Rio Grande do Sul é um exemplo interessante disso, porque dependendo da
região, e da ocupação que ocorreu, o Sul tem uma presença espírita e
umbandista forte, tem uma ocupação de evangélicos de missão e também de
católicos. É um Estado que se mostra bastante plural", exemplificou
Crespo.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste
a diversificação dos grupos religiosos é marcada pela presença
expressiva de evangélicos, sobretudo dos pentecostais, os quais têm
também importante presença nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os
católicos, por sua vez, ainda que soberanos, têm maior
representatividade no Nordeste: 72% dos habitantes.
No comparativo dos sexos, 65,5%
dos homens brasileiros se declararam católicos, na maior presença
masculina dentre as religiões. Nas demais crenças, as mulheres são
maioria: 24,1% são evangélicas, 2,3%, espíritas, 0,3% adeptas da umbanda
e candomblé e 2,9%, de outras religiões.
Mais de 42 milhões de fiéis O
avanço das Igrejas Evangélicas no Brasil é ainda mais clara quando os
percentuais são deixados de lado para o comparativo dos números brutos
da pesquisa. São exatos 42.275.440 brasileiros que se declararam
evangélicos, enquanto os católicos apostólicos romanos, majoritários,
formam um grupo de 123.280.172 habitantes.
Dos cerca de 42 milhões de
evangélicos, mais de 25 milhões são de origem pentecostal. Somente a
Assembleia de Deus, Igreja de maior representatividade, possui 12
milhões de fiéis. Elas serviram de alicerce, ainda, para outro dado
importante: enquanto 79% dos moradores de áreas urbanas responderam que
são católicos, o maior número absoluto dos que moram no campo, nas
grandes cidades, 23,5% são evangélicos.
"A partir do êxodo rumo às
grandes cidades, da década de 70 para 80, você tem o surgimento da
Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, que aproveita a
oportunidade para criar o que chamamos de igreja de periferia, como
igreja de portas abertas para receber esse pessoal 'sem eira nem beira',
sem ter onde ficar", explica Maria Goreth, coordenadora de indicadores
sociais do IBGE.
Este efeito migratório encontra
reflexo ainda nas idades dos entrevistados. Se os católicos encontram
mais representatividade entre os brasileiros que têm mais de 40 anos, ou
seja, oriundos da época em que o catolicismo era soberano, os
evangélicos têm maior proporção entre crianças e adolescentes, que
escolheram a religião que acolheu os pais neste êxodo.
Outras curiosidades
- O município de União da Serra, no Rio Grande do Sul, é o mais
católico do Brasil: 99,18% dos moradores seguem da religião; - O
município de Arroio do Padre, também no RS, é o mais evangélico: 85,84%
dos moradores; - Palmelo, em Goiás, concentra o maior número de
espíritas: 45,5%; - Cidreira, novamente no RS, tem 5% de praticante de
umbanda e candomblé; - O islamismo responde apenas por 1,2% do grupo de
outras religiosidades; - Sobre os que se declararam sem religião, 4% são
ateus;
*Portal Paulista
via:Umarizal news